A primeira impressão de quem “descobre” Sory Kandia Kouyaté é a mesma daqueles que, nos anos setenta, ouviram Milton Nascimento pela primeira vez.
A sua voz técnica, melodiosa, épica e poderosa transformou o jovem da Guiné-Conakry em um dos cantores mais importantes da África e um fenômeno mundial.
“A voz da revolução” ou “A voz da África”, Sory Kandia Kouyaté morreu aos 44 anos, em 1977, mas deixou uma herança espetacular – em especial a coletânea La Voix de la Révolution (Sterns Music)- Volume 1 e Volume 2 (no Spotify).
Acompanhado da orquestra Keletigui et ses Tambourinis, em especial, e grupos corais, ele gravou canções seculares, temas jazísticos e música popular do país, incluindo peças políticas, em apoio ao PDG (Partido Democrático da Guiné).
Em 1957, o PDG ganhou 56 das 60 cadeiras nas eleições territoriais e, com isso, o povo da Guiné decidiu, em plebiscito, rejeitar a proposta de pertencer a Comunidade Francesa.
Em consequência, os franceses colonialistas se retiraram e, em 2 de outubro de 1958, a Guiné se tornou um país independente, com Sékou Touré como presidente.
A Guiné-Conakry tem uma das mais ricas experiências no campo da revolução cultural pós-independência, em particular na produção musical (aguardem matéria especial).
A música que abre a coletânea de 23 canções (um cd duplo), “Nina”, é uma canção de amor para uma garota, que Kouyaté cantou pela primeira vez em meados dos anos 50.
Em “Tara”, as notas tilintadas do antigo balafon de madeira se misturam com ritmos latinos populares da época, ecoando a influência cubana a partir do Congo e do Senegal, em especial.
Uma boa parte das música desta coletânea sugerida são performances tradicionais em que Kouyaté é acompanhado por lendários tocadores de harpa kora e balafon.
Foto: Divulgação.
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