A lambada é natural da Região Norte do Brasil, no estado do Pará, oriunda de vários pontos do interior do estado. Em sua base musical além dos ritmos latinos como o merengue, o mambo e a cumbia, estão o chorinho, o carimbó e a Jovem Guarda.
O chorinho, em especial de Waldir Azevedo e Jacob do Bandolim – contribuiu para definir a forma de tocar a guitarra na lambada. No lado pop, o grupo jovem paulista Os Incríveis e sua versão para “The Millionaire/“O Milionário”, lançada em 1967, estimulou a paixão pela guitarra elétrica.
O tema instrumental “Lambada (Sambão)”, de Pinduca, no disco “No Embalo do Carimbó e Sirimbó – Volume 5”, lançado em 1976, traz a expressão pela primeira vez em disco.
O disco “Lambadas das Quebradas”, com Mestre Vieira e Seu Conjunto, lançado pela gravadora Continental na virada de 1978 para 1979, por sua vez, é o “marco zero” e obra definitiva do gênero .
O gênero ganhou notoriedade regional nos anos oitenta, com a gravadora local Gravasom, por meio de lançamentos de discos de vários artistas e coletâneas populares, com a série “Guitarrada – Lambadas Ritmo Alucinante”.
A expressão, ainda, é creditada ao radialista Haroldo Caracciolo que, em seus programais musicais, chamava de “lambadas” as músicas “quentes”, segundo ele, como forrós e merengues, de lambadas.
Para os ouvintes comuns e para o “mundo”, o gênero “lambada” torna-se conhecido com a versão do grupo franco-brasileiro Kaoma para Chorando se foi gravada pela cantora brasileira Márcia Ferreira.
A música original, um huayno dos bolivianos Los Kjarkas, chegou ao Brasil pela versão dos peruanos Cuarteto Continental, lançado pela clássica gravadora Infopesa.
A lambada é fruto da cultura amazônica
Apesar da falsa impressão de mero produto da industrial cultural, deixada pelo registro do grupo Kaoma, a lambada/guitarrada tem sua origem na cultura musical amazônica.
Além do registro original de Pinduca e do Mestre Vieira, que dividem a paternidade, vários artistas gravaram lambadas desde o início da década de oitenta.
O grupo Os Populares de Igarapé-Mirí em seu primeiro disco, lançado em 1980, com Aldo Sena na guitarra, registrou duas lambadas – “Lambada do Tibúrcio” e “Lambada do Vento” (as duas de autoria do guitarrista Aldo Sena).
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No início daquela década, o grupo paraense Lambaly, com o amazonense Oseas (e Sua Guitarra Maravilhosa) gravou o disco “Lambadas Nacionais”, lançado pela gravadora Gravasom, contendo o hit “Melô do Planeta”.
Em 1982, o guitarrista Mário Gonçalves, irmão de Pinduca, grava seu primeiro disco solo “Guitarrando na Lambada“, não deixando dúvida sobre a força do gênero no estado e na região amazônica. Mário foi quem havia gravado a guitarra na música “Lambada”, de Pinduca, na década anterior.
Um ano depois, Aldo Sena, após deixar o grupo Os Populares de Iagarapé-Miri, e após de um disco de estreia sem repercussão, devido a problemas com a distribuição, gravou seu segundo disco, um clássico.
Depois disso, a lambada de guitarra conquistou o mercado do Norte do país, chegou a Manaus, produziu grandes instrumentistas e discos que registraram a riqueza do gênero.
Abaixo, playlist especial, com curadoria de Senhor F Social Club, trazendo os principais guitarrristas de lambada, de Belém, Manaus e Fortaleza, desde dos anos setenta até o dias de hoje (só clicar na imagem).
Foto: Capa do disco Lambada das Quebradas (Senhor F Social Club)
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