A interpretação da clássica de Facundo Cabral, realizada pelo jovem expoente da música urbana Milo J em parceria com o mestre do folclore Juan Quintero, na última edição do evento “¡FAlklore!”, não foi apenas um momento musical, mas um manifesto sobre a perenidade da arte e a influência de um dos maiores filósofos-cantores da Argentina.
Rodolfo Enrique Cabral Camiña (1937-2011), nascido em situação de extrema pobreza, e conhecido mundialmente como Facundo Cabral, foi mais do que um músico; foi um trovador existencial cuja vida turbulenta se transformou em matéria-prima para uma obra marcada pela espiritualidade, crítica social e, acima de tudo, pela busca incessante da liberdade.
“No Soy De Aquí, Ni Soy De Allá”
A canção criada em 1968, em um momento de melancolia e exílio autoimposto ao lado do amigo e também cantor e compositor argentino Jorge Cafrune, “No Soy De Aquí, Ni Soy De Allá” nasceu de uma improvisação em Punta del Este, no Uruguai, sendo popularizada na versão do cantor Alberto Cortez em 1970, com a permissão do autor.
A canção se tornou um hino global, traduzida para mais de 27 idiomas e interpretada por artistas de renome como Julio Iglesias e Chavela Vargas. Sua mensagem de desapego e cosmopolitismo ressoou profundamente em um continente frequentemente marcado por crises de identidade e migrações, celebrando a felicidade como o único estado de identidade.
“No soy de aquí, ni soy de allá, no tengo edad ni porvenir, y ser feliz es mi color de identidad”.
- No evento FAlklore!, Milo J, uma das vozes mais proeminentes da nova geração urbana argentina, e Juan Quintero, um músico aclamado por sua sensibilidade no folclore, entregaram uma versão poderosa.
A ponte geracional: Milo J e Juan Quintero no “¡FAlklore!”
A influência de Cabral na música argentina ficou evidente na intensa performance de Milo e Quintero no projeto “¡FAlklore! #2”, idealizado para criar um diálogo entre a tradição folclórica e as novas linguagens musicais.
A performance não apenas homenageou Facundo Cabral, mas conrfirmou a tese de que o folclore argentino é uma linguagem viva, capaz de absorver e dialogar com o presente, encontrando um terreno fértil na juventude atual.
Foto: Reprodução.
.





Deixe um comentário