O cantautor argentino Gabriel Fernando Ferro, conhecido como Gabo Ferro, não foi apenas um cantautor, mas também um historiador, poeta, performer e um operário da palavra e do som.
Nascido no bairro de Mataderos, em Buenos Aires, em 1965, Ferro iniciou sua carreira na década de 1990 à frente da banda de hardcore Porco, conhecida por apresentações viscerais de Gabo.
Em 1997, no auge da banda, Ferro protagonizou um dos gestos mais emblemáticos do rock local, quando em pleno show no Hotel Bauen, depois de pousar o microfone no chão, abandonou o palco e a própria banda.
Após este fato, formou-se em história, retornando à música em 2005, como um trovador folk, lançando o álbum “Canciones que un hombre no debería cantar”, gravado em apenas um dia de estúdio.
A música de Gabo Ferro, embora profundamente argentina em suas referências históricas e literárias, possui uma universalidade que fala diretamente ao corpo e às emoções mais íntimas.
Através de seu próprio selo, Gabo Ferro manteve o controle total sobre sua obra, publicando não apenas discos, com mais de uma dezena de títulos, mas também livros de ensaios históricos e poesia.
Obras como “Barbarie y civilización” e “Degenerados, anormales y delincuentes” são hoje referências tanto na academia quanto para aqueles que buscam entender as raízes da cultura argentina.
Gabo Ferro faleceu em 8 de outubro de 2020, aos 54 anos, vítima de câncer, deixando um exemplo de como ser um artista integral, que usa a voz para cantar o que não pode ser dito e a história para entender o que não pode ser esquecido.
Foto: Senhor F Social Club (do acervo).





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