O disco autointitulado de Mirian Cunha, lançado em 1982 pela gravadora Chantecler, transcende a simples catalogação como um registro de música popular paraense.

Além desse fato, se trata de um documento sonoro de valor inestimável, capturando a efervescência da lambada e do brega no Norte do Brasil no início dos anos 80.

A obra é reconhecida por colecionadores e pesquisadores como um dos discos mais raros do gênero, um verdadeiro artefato da discografia amazônica.

A importância histórica e musical deste LP reside na sua profunda conexão com uma das figuras mais fundamentais da música paraense,Mestre Vieira (Joaquim de Lima Vieira).

Álbum histórico e raro

O álbum não apenas conta com o acompanhamento de Mestre Vieira e Seu Conjunto, mas também carrega a forte assinatura do mestre da guitarrada na sua concepção e execução.

Das doze faixas que compõem o álbum, oito são de sua autoria, demonstrando que o disco de Mirian Cunha é, simultaneamente, um raro e importante registro da discografia do próprio Mestre Vieira.

Vieira e Seu Conjunto acompanham Mirian Cunha no disco, com todos seus integrantes creditados na contracapa, enquando Vieira também atuou como diretor geral da produção do disco.

Foi Mirian Cunha quem apresentou o Mestre Vieira a Jesus Couto, produtor e representante da gravadora Continental na região Norte, no final dos anos setenta.

Este encontro foi um marco, pois permitiu que Mestre Vieira gravasse seus três primeiros discos solo até 1982, entre eles o clássico Lambada das Quebradas.

O LP é uma espécie de elo perdido que conecta a tradição dos conjuntos de baile com a modernidade dos ritmos dançantes que emergiam na Amazônia.

Foto: Senhor F Social Club (acervo Senhor F).

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