O festival El Mapa de Todos, concebido e realizado pela produtora Senhor F, estabeleceu-se como um dos mais significativos projetos culturais brasileiros na promoção da música e da integração cultural ibero-americana.

Mais do que um evento de entretenimento, o festival atuou como um polo estratégico que conectou o Brasil ao cenário musical da América Latina e da Península Ibérica, fomentando o intercâmbio artístico e a quebra de barreiras culturais.

A vanguarda da música tropical psicodélica, Los Pirañas, da Colômbia, foi destaque no festival.

Gênese em Brasília e consolidação em Porto Alegre

A história do festival teve seu marco inicial em dezembro de 2008, com a primeira edição realizada em Brasília. Desde o princípio, o evento carregava a ambição de ser um palco brasileiro para artistas latinos emergentes, promovendo a circulação de talentos e ideias.

El Mapa De Todos: Latinoamérica se unió en Porto Alegre – La Nación / Claudio Kleiman

O próprio nome do festival é uma homenagem à canção “Milonga de andar lejos”, do cantor e compositor uruguaio Daniel Viglietti, sublinhando seu compromisso com a identidade e a canção latino-americana.

Uma das maiores bandas do mundo, a colombiana Bomba Estereo, no palco do Opinião,
O mexicano Juan Cirerol proporcionou o momento ‘beatlemania” no palco do El Mapa de Todos.

A partir de 2011, o festival encontrou seu lar definitivo em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, uma localização estratégica que facilita a conexão com o Cone Sul.

Essa segunda edição marcou o início de uma fase de institucionalização e crescimento, contando com o patrocínio da Petrobras, através do Programa Petrobras Cultural.

Os brasileiros Francisco El Hombre apresentam um dos shows mais explosivos do festival.

Institucionalização e revolução dos palcos

O patrocínio da Petrobras, que se estendeu de 2011 até 2016, foi fundamental para a consolidação do festival, que se tornou um evento convidado da estatal durante esse período

Esse apoio permitiu que o El Mapa de Todos ampliasse sua estrutura, com uma equipe profissional em todas as áreas, e diversificasse seus palcos, refletindo assim seu crescimento e a busca por diferentes públicos.

A gaúcha Paolo Kirst levou para o palco do El Mapa de Todos a força da mulher na música latina.

Inicialmente, em Porto Alegre, o festival ocupou a casa de shows Opinião. Com o tempo, a produção expandiu-se para outros espaços culturais importantes, como a Casa de Cultura Mário Quintana e, notavelmente, o Theatro São Pedro.

A fixação no Theatro São Pedro, um dos mais tradicionais e prestigiados palcos do estado, conferiu ao festival um status de relevância cultural e institucional.

Após o golpe de Estado, com a interrupção do apoio da Petrobrasúltimas edições contaram com o apoio da Secretaria de Cultura do Estado do Rio Grande do Sul.

Um mini-documentário especial sobre a edição de 2015 do festival El Mapa de Todos.
  • Ouça a playlist e veja quem participou do festival El Mapa de Todos.
A música gaúcha presente no palco do El Mapa e Todos com um de seus mais importantes nomes.

Em torno de 100 artistas passaram pelo palco

Ao longo de suas edições, o El Mapa de Todos cumpriu sua missão de ser um verdadeiro mapa musical, apresentando ao público brasileiro em torno de 100 artistas latinos e brasileiros.

A curadoria da Senhor F, produtora com um histórico de difusão da música latino-americana, garantiu um panorama rico e diversificado, que ia do rock ao pop, do experimental ao folclore.

A revista argentina Rolling Stone e os jornais locais e também nacionais frequentemente destacaram a importância do festival como um ponto de encontro da música sul-americana.

Os peruanos Bareto, com Maurício Mesones no vocal, trouxe a cumbia psicodélica para o festival.
Com Esteban Copete y Su Kinteto Pacífico, a música do Caribe colombiano cruzou pelo festival.

Entre os principais artistas que participação do festival estão Babasónicos, Bomba Estereo, Los Pirañas, El Mató a un Policía Motorizado, Xoel López, Esteban Copete y Su Kinteto Pacífico, Camila Moreno, La Vela Puerca, Juan Cirerol, Sr Chinarro, Bareto e Gepe.

Entre os brasileiros, participaram do festival Marcelo Camelo, Vitor Ramil, Mundo LIvre S.A,, Superguidis, Francisco El Hombre, Frank Jorge, Boogarins, Autoramas, Luiz Marenco, Nenhum de Nós e Zudizilla.

O festival não apenas trouxe grandes nomes já estabelecidos, mas também serviu como vitrine para a nova geração de artistas latinos, muitos dos quais tiveram no El Mapa de Todos seu primeiro contato com o público brasileiro.

A argentina Onda Vaga lotou o teatro da UFRGS em show com ingressos esgotados um mês antes.

Essa dinâmica de intercâmbio reforça o papel do evento como um agente de resistência cultural e um espaço vital para a celebração da identidade regional em um contexto de globalização.

Em suma, a trajetória do El Mapa de Todos, desde sua estreia em Brasília até sua consolidação em Porto Alegre com apoio institucional, demonstra a força da música como ferramenta de integração.

O festival, sob a curadoria da produtora Senhor F, não apenas mapeou a diversidade musical ibero-americana, mas também construiu um legado duradouro de diálogo e solidariedade cultural entre os povos.

Um dos shows mais vibrantes e esperados shows do festival uniu gaúchos e uruguaios no El Mapa.

Foto:Senhor F Social Club.

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