Este manifesto nasce da vontade urgente de discutir e cristalizar um entendimento coletivo sobre as vastas potencialidades culturais da Amazônia. Uma potência que é capaz de gerar desenvolvimento, criar empregos, e promover renda, revelando o poder transformador da arte amazônica como um vetor para o crescimento e a dignidade de seu povo.
- Vertentes de um mesmo rio
As diversas vertentes artísticas que brotam como afluentes desse imenso rio cultural sustentam o argumento de que há uma música vibrante, autêntica e potente na Amazônia.
Nossa música precisa ser ouvida e entendida por seu valor único, carregando a alma da floresta e das águas, das lendas e das lutas do povo amazônico.
Precisamos nos reconhecer nela, despertar nossa autoestima e cultivar o orgulho de sermos da Amazônia.
- Afirmação e protagonismo
A partir desse fortalecimento, alcançamos um estado de espírito capaz de nos afirmar como protagonistas da nossa própria história.
Este é o grito que ecoa dos sons da floresta e dos tambores: somos autores, herdeiros e guardiões de uma cultura que transcende o tempo e precisa ser respeitada pelo mundo.
- A união das artes
Sabemos que a força da MPB feita na Amazônia não nasce isolada. Ela brota do encontro e da colaboração com artistas de todas as artes – músicos, dançarinos, pintores, cineastas, escritores e todos os que buscam expressar o espírito amazônico.
Juntos, firmamos o compromisso de difundir nossa arte, preservando e reinventando nossas raízes. Queremos que o Brasil e o mundo conheçam e celebrem essa MPB feita na Amazônia, pois nela vive a voz da nossa floresta, da nossa gente, e de um futuro que construímos coletivamente.
Que essa seja a trilha sonora de uma Amazônia que se orgulha de si e, ao som de sua própria música, desenha o seu caminho.
* Manoel Fernandes Cordeiro, músico e produtor cultural.
- “A extensão territorial da Amazônia favoreceu a segregação do povo, que foi se localizando em regiões e espaços geograficamente distanciados, mas que, apesar das especificidades encontradas no marabaixo, batuque, carimbó, siriá, marujada, sairé e boi-bumbá, por exemplo, se convergem através de suas batidas, sons e do uso dos instrumentos, caracterizando, portanto, a dialética regional que aglutina essa arte no Pará, no Amapá, no Amazonas e em outros estados da região, suscitando uma identidade regional formada através de suas variadas frentes”.
Texto extraído do livro autoral “Vertentes do mesmo rio”, sobre a vida e obra de Manoel Cordeiro.
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