A República Democrática do Congo (então Zaire), em meados da década de 1970, vivia um momento de intensa experimentação, renovação de estilos e disputa de liderança artística.
É nesse cenário que surge o grupo Isifi Lokole formado em 1974 por Papa Wemba (na época Shungu Wembadio), Evoloko Lay Lay, Mavuela Somo e Bozi Boziana.
- O Isifi Lokole foi breve, mas decisivo. Inovou no som, no visual e na atitude dos músicos, influenciando gerações inteiras de artistas do Congo e de toda a África.
Isifi Lokolo marcou a transição da rumba congolesa tradicional para o moderno soukous, estilo que se tornaria símbolo da África dançante dos anos 1980.
O nome Isifi (Institut du Savoir Idéologique pour la Formation des Idoles – “Instituto do Saber Ideológico para a Formação de Ídolos”), refletia a ambição de renovar a música e o comportamento artístico no Zaire.
Já a expressão Lokole vem do tambor tradicional do Kasai, usado em rituais locais, simbolizando o elo entre tradição e o clima de modernidade que explodia em toda África.
- Ao incorporar o lokole, ao enfatizar instrumentos tradicionais de percussão, ao dialogar com temas locais, visuais urbanos, moda local – o grupo ajudou a fortalecer a ideia de uma modernidade africana que não rejeitava suas raízes.
A música do grupo manteve a base melódica da rumba, mas acelerou o ritmo, substituiu sopros por guitarras elétricas e deu maior protagonismo à percussão — passos decisivos rumo ao soukous.
Essa fusão pode ser ouvida em canções como “Amazone”, um dos primeiros sucessos de Papa Wemba, líder do grupo – música que abre o disco acima, de edição japonesa.
Apesar de durar apenas um ano, o Isifi Lokole foi uma verdadeira escola musical, com sua proposta estética e ideológica sintonizada ao espírito “Authenticité”, politica que valorizava elementos culturais africanos.
Em 1975, divergências internas levaram Papa Wemba a sair do grupo e fundar o Yoka Lokole, e depois, em 1977, o lendário Viva la Musica, que consolidaria seu estilo e fama internacional.
Foto: Senhor F Social Club.
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