O nome do festival “El Mapa de Todos” foi sacado da letra de um clássico da canção uruguaia e latina, a música “Milonga de andar lejos” (veja a letra abaixo), do cantor, compositor, poeta e militante político uruguaio Daniel Viglietti – Montevidéu, 24 de julho de 1939 – Montevidéu, 30 de outubro de 2017.

Em 12 de novembro de 2014, a organização do festival abriu o palco do Teatro São Pedro, em Porto Alegre, para receber o inspirador do El Mapa de Todos, que acontecia na capital gaúcha desde 2011.

Apenas com um violão, no centro do palco do clássico teatro gaúcho, Viglietti contou histórias, interpretou os principais temas de sua carreira e emocionou a plateia, incluindo muitos uruguaios.

O show foi gravado pela TV Cultura, com autorização de Viglietti, e hoje é um documento histórico da cultura, da história e da luta pela integração social, cultural e musical da América Latina (veja abaixo).

Música, poesia e militância política

A carreira de Viglietti conta com 25 LPs e CDs, incluindo coletâneas e reedições, lançadas entre 1963 e 2008, com destaque para “Canciones para el hombre nuevo”, inspirado em Che Guevara, que contém a música “Milonga de andar lejos” (veja aqui a discografia completa).

Outro marco musical de sua carreira, é o disco “Tropicos” (1973), com versões em espanhol de músicas de novos cantautores laninos, entre eles Chico Buarque, de quem gravou as clássicas “Construção” e “Deus lhe Pague”.

O seu encontro com Chico Buarque no exílio europeu também resultou no disco “Chico en español“, com temas do brasileiro vertidos por ele para o espanhol, com maestria poética.

Em 1967, participou do 1º Encontro Internacional da Canção de Protesto, em Havana, juntamente com outros uruguaios, entre eles, Los Olimareños e Alfredo Zitarrosa, segundo a Wikipedia.

Em 1972, Viglietti foi preso e, após campanha internacional apoiada por pessoas como Jean Paul Sartre, François Miterrand, Júlio Cortázar e Oscar Niemeyer, foi libertado. 

Além de “Milonga de andar lejos”, são clássicos de Viglietti as músicas “A desalambrar”, “Canción para mi América” e “Gurisito”, que ele apresentou no show do festival. 

Dsico lançado em 1968 contendo a música “Milonga de andar lejos”

  Milonga de Andar Lejos
(Daniel Viglietti)

“Qué lejos está mi tierra
Y, sin embargo, qué cerca
O es que existe un territorio
Donde las sangres se mezclan.

Tanta distancia y camino,
Tan diferentes banderas
Y la pobreza es la misma
Los mismos hombres esperan.

Yo quiero romper mi mapa,
Formar el mapa de todos,
Mestizos, negros y blancos,
Trazarlo codo con codo.

Los ríos son como venas
De un cuerpo entero extendido,
Y es el color de la tierra
La sangre de los caídos.

No somos los extranjeros
Los extranjeros son otros;
Son ellos los mercaderes
Y los esclavos nosotros.

Yo quiero romper la vida,
Como cambiarla quisiera,
Ayúdeme compañero;
Ayúdeme, no demore,
Que una gota con ser poco
Con otra se hace aguacero. 

Acima, registro de Viglietti no “Concierto por la paz en Centro América”, realizado em 1983, em Manágua, na Nicarágua. com outros artistas latino-americanos.

O Festival El Mapa de Todos conta com nove edição, a primeira em Brasília e as demais em Porto Alegre, com curadoria e direção geral de Fernando Rosa e coordenação de produção de Brisa Daitx e Thiago Piccoli.

Foto: Instituto Antônio Carlos Jobim / Reprodução.

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