A música cubana tem uma importante contribuição para a construção da música africana moderna, a partir do pós-2ª Guerra Mundial e no período pós-revoluções anticolonialistas. É dessa influência que surge a “rumba congolesa” que depois, com o impacto universal dos anos sessenta, evoluiu para o “soukous”. Mas, isso é uma história que contaremos na sessão África Infinita, dedicada a contar a saga da música africana, em especial dos anos 60 & 70. 

Aqui, vamos tratar do inverso, a presença da música africana no Caribe colombiano, em particular em Cartagena e Barranquilha. Dessa relação, surgiu a “champeta” nos anos 70 & 80, sob influência do soukous, do highlife e da benga music (do Quênia) – e da própria rumba. Do palenque (quilombo) de San Basílio, nasceu o mais importante gênero musical afrodescendente da América Latina moderna.

De acordo com o Wikipedia, a champeta “surgiu aproximadamente nos anos 80, na cidade de Cartagena de Índias em bairros populares ou marginais da cidade”. Ainda de acordo com a enciclopédia, “a Champeta é uma música muito festiva, com bailes eróticos, agitados e sensuais. A “retroalimentação” musical se deu pela difusão da música africana pelos Djs do “Picós” (leia matéria especial), festas de aparelhagens semelhantes às experiências jamaicanas e paraenses.

MIni-doc sobre os “picós” da região do Caribe colombiano

Alguns discos, em especial, contendo seleção musical que identifica o processo de intercâmbio, contribuem para a compreensão dessa história.  Um deles, “Piconema – East Africa Hits on The Colombian Coast“, compila músicas africanas que fizeram sucesso nos picós (com nomes “traduzidos”). Outros dois também importantes são “Palenque: Champeta Criolla & Afro Roots in Colômbia (1975-91), e “Champeta Criolla Vol 2 – Visionary Black Musical Underground ColombiaAfrica“.

Documentário sobre o palemque (quilombo) de San Basílio, na Colômbia

Artistas como Batata Y Su Rumba Palenquera e Abelardo Carbonó y Su Conjunto abriram o caminho para a afirmação da música africana na região. Modernamente, artistas como Luis Towers, Elio Boom e Charles King avançaram na fusão sonora, incluindo outras influências pop atuais. A champeta conquistou ouvintes mundo afora nos últimos 20 anos, com a “descoberta” por selos e gravadoras como SoundWay e VampiSoul, entre outras. 

PLAYLIST: Ouça a playlist ONDAS TROPICAIS – A conexão África x Caribe, no perfil Senhor F Social Club no Spotify.

Foto: Site Senhor F (LP e CDs do acervo de Senhor F Social Club).

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