A década de setenta foi uma época de ouro para as orquestras da África Ocidental em particular, afirma o site Radio Africa, especializado em música africana.
Segundo o site, o financiamento estatal na Guiné-Conakri, no Mali e no Burkina Faso, principalmente, explica o florescimento de tantas orquestras, que influenciaram o continente.
A África vivia um período de florescimento cultural por conta das revoluções de independência que aconteceram em vários países do continente.
Nascidas sob a consigna da “autenticidade” – ou seja, afastar a influência colonial e projetar a cultura africana -, as orquestras avançaram na musicalidade moderna.
Apenas na Guiné-Conakri, principal exemplo de incentivo estatal, cultural e musical, surgiram mais de 60 orquestras, nos 35 distritos do país e na capital.
Em outros países, despontaram orquestras como a Orchestre Massako no Gabão, a Dur Dur Band na Somália, ou a Hallelujah Chicken Run Band (de Thomas Mapfumo) no Zimbabwe,entre outras.
Nesse turbilhão, grandes orquestas ganharam projeção mundial, como a Orchestra Baobab do Senegal, a Bembeya Jazz National da Guiné-Conakri e a Orchestre Poly-Rythmo de Cotonou do Benin.
As orquetras do Mali
No Mali, divididas entre a atuação estatal e privada, uma leva de grandes orquestras se destacou, posicionadas nas oito regiões do país e na capital federal.
As oito regiões do Mali são Kayes, Gao, Kidal, Koulikoro, Mopti, Ségou, Sikasso e Tombuctu, além da capital Bamako, todas com suas orquestras (veja lista abaixo e ouça a playlist).
Algumas orquestras se tornaram mais conhecidas fora do continente africano, como a Orchestre Rail-Band De Bamako e Les Ambassadeurs du Motel, com Salif Keita nos vocais.
Sob o nome de Embassadeur International, Salif Keita junto com o guitarrista Kante Manfila gravaram um dos temas mais importantes da história da música africana – Mandjou.
Outro destaque da cena dos anos setenta no Mali foi L’Orchestre Kanaga de Mopti, liderada por Sorry Bamba, um dos aritstas mais criativos da sua geração.
Obra-prima da África Ocidental
O disco de L’Orchestre Kanaga de Mopti “é simplesmente uma das obras-primas da África Ocidental”, define Radio Africa, em resenha do disco em seu site.
O disco da L’Orchestre Kanaga de Mopti, de fato, traz uma sonoridade rica, envolvente e ainda hoje ousada, que remete aos grandes mestres do jazz moderno.
As músicas são mantras frenéticos, embalados por guitarras a la Sékou “Diamond Fingers” Diabaté (herói da Guiné-Conakri), órgão elétrico e seção de metais.
Junto a isso, ainda brilham os vocais de Sorry Bamba, um dos grandes mestres da música africana, que também gravou ótimos discos solo, em especial Sorry Bamba du Mali, em 1979.
O disco foi lançado pelo Mali Kunkan, com apoio do Ministério da Juventude, dos Esportes, das Artes e da Cultura da Reública do Mali e posteriormente reeditado em vinil.
Orquestras e discos::
– L’Orchestre Kanaga de Mopti – ST (1977)
– Orchestre Régional de Mopti – ST (1970)
– Orchestre Rail-Band de Bamako – ST (1970)
– Ambassadeur International – Mandjou (1978)
– Les Ambassadeurs du Motel – Kibaru (1976)
– Orchestre Régional de Kayes – ST (1970)
– Super Djata Band – Vol 1 & Vol 2 (1982/1983)
– Orchestra Régional de Ségou – ST (1970)
– Le Super Biton National de Ségou – ST (1970)
– Le Mystère de Jazz de Tombouctou – ST (1977)
– L’Orchestre National “A” de la République du Mali – ST (1970)
– Orchestre Régional De Sikasso – ST (1970)
– L’ Orchestre Le National Badema – Tira Makan (1977)
– Le Kene Star de Sikasso – ST (1977)
Coletâneas:
– Panorama du Mali (coletânea) – com Rail Band, Biton National de Segou, Orchestre De Gao, Orchestre Régional De Sikasso e Tjiwara Band De Kati (1977)
– Regard Sur Le Passé A Travers Le Présent (coletânea com Biton National de Ségou, Rail Band, Orchestre de Gao e Tijwara Band de Kati.
PARA OUVIR – Playlist especial com orquestras da relação acima – “ÁFRICA INFINITA – Orquestras Africanas (Mali), por Fernando Rosa.
Foto: Senhor F Social Club.
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