O carimbó é manifestação de dança e música originária do estado do Pará, com influência indígena, africana e europeia. Além de Pinduca, são representantes históricos do gênero, em especial, os Mestres Lucindo e Verequete.

  • O carimbó foi reconhecido como patrimônio cultural imaterial do Brasil pelo Ministério da Cultura em 11 de setembro de 2014, em ato realizado com a participação da presidenta Dilma Rousseff. Em dezembro do mesmo ano, Pinduca recebeu o Prêmio de Ordem ao Mérito Cultural.

Os mestres do carimbó

Aurino Quirino Gonçalves, mais conhecido como Pinduca, é o “Rei do Carimbó” moderno. Paraense, é natural de Igarapé-Miri, onde nasceu em 4 de junho de 1937. Pinduca iniciou sua carreira aos quatorze anos de idade, nos anos cinquenta, cantando carimbó.

Mestre Lucindo é considerado um dos principais, senão o principal, poeta do carimbó, com seus flashes do cotidiano dos paraenses das águas e do interior. Com seu conjunto Uirapuru, Mestre Verequete é responsável pela gravação do primeiro disco de carimbó, em 1971, pela gravadora CID.

Junto com Pinduca, Verequete modernizou o carimbó, atualizando o gênero para as novas gerações. Lucindo tem apenas um registro fonográfico – “Isto é Carimbó!!”, com o conjunto Carimbó Canarinho de Marapanim. Mestre Verequete gravou 10 discos e 4 CDs.

Pinduca revolucionou o carimbó, em parte, ao ampliar o gênero. Em seu segundo disco, “Carimbó e sirimbó no embalo do Pinduca”, de 1974, ele começou a usar duas guitarras em vez do banjo tradicional, com os guitarristas Mário Gonçalves e Dinaldo Gonçalves.

Outra contribuição de Pinduca foi a música “Lambada” em seu quinto disco, de 1976. Apresentada como “sambão”, é considerada a primeira lambada gravada no Brasil, disputando a primazia do gênero com Mestre Vieira.

Pinduca também descobriu e incentivou a carreira de Teixeira de Manaus e participou da gravadora Gravasom no início dos anos oitenta. Ele também revolucionou a estética dos shows com roupas coloridas.

Pinduca tem mais de 25 títulos em sua discografia e popularizou o carimbó no Brasil com shows em rádios e televisões. Em 2016, aos 79 anos, lançou o CD “No Embalo do Pinduca”, indicado ao Grammy Latino.

  • O Rei do Carimbó – Volume 2

No volume 5 de sua série “No embalo do carimbó e sirimbó”, lançado em 1976, Pinduca afirma definitivamente sua identidade musical e visual. No som, as guitarras modernas, que substituíram o tradicional banjo, mostram-se mais presentes. Já na capa do disco ele aparece com sua indumentária clássica, incluindo o chapelão. E mais, também na capa, ele se define pela primeira vez como “O Rei do Carimbó”.

O disco contém uma das músicas mais emblemáticas da discografia da música do Norte, especialmente ligada à gênese da lambada. Trata-se de “Lambada”, apresentada como “sambão”, que traz a guitarra de Mário Gonçalves executando o que seria a primeira manifestação gravada do gênero. Nos primeiros discos de Pinduca, os guitarristas Mário e Dinaldo faziam as vezes do banjo clássico do carimbó.

O disco foi gravado no estúdio SOMIL, no Rio de Janeiro, com direção artística de Paulo Rocco, e lançado pelo selo Beverly. Participaram das gravações os músicos Mário Gonçalves, Dani, Dina, Pantoja, Bemol e Libonate, que Pinduca cita/apresenta na última faixa do disco, a música “Mutirão”. No repertório, estão músicas como “Lari Lari Ê”, “Carimbó do Pará”, “Comancheira” e “Coisa boa do Pará”, além de “Lambada”.

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Foto: Senhor F Discos.

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